Tudo aconteceu em menos de dez minutos. Esse é o aspecto mais duro do relato da mãe do menino Arthur, de nove anos, encontrado enforcado, na última quinta-feira (16), no quintal de casa, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Foi esse o intervalo de tempo entre o momento em que a família jantava, toda reunida, e o instante em que os pais do garoto acharam o filho pendurado em uma árvore por um fio. O garoto ainda chegou a ser socorrido, levado para uma Unidade de Pronto Atendimento próxima, mas não resistiu e faleceu no dia seguinte. Para a mãe, o enforcamento foi provocado por um novo desafio que tem tomado conta da internet, a Momo.

Segundo a mãe da criança, a professora Jany Nascimento, a família estava jantando quando a filha mais nova do casal, de dois anos, pediu para ir para a rua. Os pais, então, saíram com ela para a calçada e deixaram o menino terminando a refeição. Quando voltaram à casa, cerca de dez minutos depois, encontraram o garoto na árvore.

Jany Nascimento conta que ele tinha um comportamento muito alegre e disciplinado. “Era um menino muito tranquilo. Fazia natação, judô, badminton, tinha um canal [no Youtube], amigos, vivia na rua brincando, andando de bicicleta, dava aula de matemática para os meninos da rua. Era uma criança muito sociável. Eu nunca recebi nenhum chamado da escola por confusão e briga”, relembrou.

O único ponto ressaltado pela mãe foi o fato de ter tirado o celular do filho na véspera do acidente em função do tempo que ele estava gastando com distrações graças ao aparelho. “Ele só mostrava ansiedade, querendo o tempo todo o celular. Aí eu tive que guardar o celular num dia e no outro aconteceu isso”.

A relação do menino com aparelhos eletrônicos e as redes sociais vinha chamando a atenção da mãe, mas só depois de perder o filho ela começou a ligar os pontos entre o acidente, alguns comportamentos do garoto e o “desafio”, que ele mesmo tinha comentado com ela dias antes. “Ele me mostrou a boneca Momo uma vez. Perguntou se eu tinha medo. Só que eu não sabia o que era. Ela fazia um desafio de sufocamento para saber quanto tempo você aguenta ficar sem respirar. Eu não percebi. Só percebi depois que meu filho morreu. Fui ver no celular dele e tinha esses desafios”, comentou.

 

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