O longa de Kleber Mendonça Filho, Bacurau, foi o ganhador em uma das categorias mais importantes do festival de Cannes, o Prêmio do Júri, neste sábado (25). O filme brasileiro empatou com a produção francesa Les Misérables. O prêmio é o primeiro recebido pelo país na categoria.
O Festival de Cannes reúne sete premiações e a principal delas é a Palma de Ouro, em que Bacurau também estava indicado. Entre as nomeações principais estão ainda o Grand Prix, o Prêmio do Júri e estatuetas nas categorias de direção, roteiro, ator e atriz.
Considerado o terceiro prêmio mais relevante, o Prêmio do Júri é entregue desde 1946. Na edição deste ano, o júri foi presidido pelo diretor mexicano Alejandro González Iñarritu. Este é o segundo filme de Kléber que disputa Cannes. O primeiro foi Aquarius (2016) que também esteve na disputa pelo Palma de Ouro.
Depois de três anos da indicação de Aquarius e de receber holofótes no festival após protestar ao lado do elenco e da equipe de Bacurau, contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Kleber Mendonça volta a Cannes e, desta vez, a manifestação política aconteceu nos créditos finais do longa, com um letreiro que dizia que a produção, rodada no sertão de Seridó, na divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba, gerou 800 empregos.
Bacurau conta a história de uma nova ameaça que, como logo se perceberá, tem a ver com os planos de agentes estrangeiros apoiados por dois subservientes do Sudeste (Karine Teles e Antonio Saboia). A esperança do povo daquela cidade reside no fora da lei Lunga (Silvero Pereira), que vive proscrito numa espécie de fortaleza, e na união de seus habitantes contra o que vêm de fora dali.
De tom mais cômico que os longas pregressos de Kleber, Bacurau é também mais hermético que O som ao redor (2012) e Aquarius (2016). O cineasta parece ter escolhido trocar um cinema repleto de mensagens diretas, muitas vezes expressas sem rodeios na boca dos personagens dos seus títulos anteriores, por um outro com referências mais alegóricas.